Real Entre as Moedas Mais Desvalorizadas da América Latina: O que Está Por Trás da Queda em 2024

O real ocupa uma posição preocupante no ranking das moedas mais desvalorizadas da América Latina. Conforme o levantamento da Quantum, entre 2020 e 2024, o desempenho da moeda brasileira é superado negativamente apenas pelo peso argentino. Em 2024, a desvalorização do real ultrapassou 20% em relação ao dólar, refletindo um cenário econômico e político desafiador para o Brasil.


Fatores externos impulsionam o dólar

O dólar ficou mais forte em 2024 por causa de vários fatores globais. Os juros altos nos Estados Unidos, tensões geopolíticas e a instabilidade da economia mundial ajudaram a valorizar a moeda americana. Isso afetou bastante as moedas de países emergentes, como os da América Latina.

No Brasil, dúvidas sobre o controle das contas públicas e o cumprimento de metas fiscais aumentaram a pressão sobre o real. Além disso, o Banco Central elevou a taxa Selic para tentar segurar a desvalorização da moeda brasileira.



Desempenho das moedas latino-americanas

Embora o real tenha registrado uma desvalorização expressiva, outras moedas da região também enfrentaram dificuldades:

  • Peso argentino: Desde 2020, a moeda acumulou uma queda de 20,47% em relação ao dólar. Apesar de a eleição de Javier Milei ter gerado instabilidade inicial, medidas de reforma econômica começaram a trazer sinais de recuperação para a economia da Argentina.

  • Peso mexicano: Após meses de desempenho favorável, o peso mexicano recuou significativamente em 2024, após a eleição de Claudia Sheinbaum, que gerou receios entre investidores quanto à possível implementação de reformas radicais.



Real acima de R$ 6: marco histórico

Em 2024, o dólar ultrapassou o patamar dos R$ 6 pela primeira vez desde a criação do Plano Real. Esse marco foi impulsionado não apenas pelos fatores externos, mas também por incertezas internas no Brasil, como:

  • Dúvidas sobre o cumprimento do arcabouço fiscal;

  • Preocupações com a política econômica e a estabilidade das contas públicas;

  • Expectativas do mercado sobre as próximas medidas do governo para conter o avanço da inflação e estabilizar a moeda.



O que esperar para o futuro?

Apesar do cenário atual, economistas apontam que ajustes na política fiscal e a busca por maior estabilidade política podem criar um ambiente mais favorável para o real nos próximos anos. A experiência da Argentina em implementar reformas econômicas sinaliza que, mesmo em situações adversas, é possível pavimentar um caminho para a recuperação